domingo, 2 de janeiro de 2011

25 de dezembro


Eu sempre me lembrarei, era 25 de dezembro. Um silêncio, uma voz, uma notícia: Sua tia foi assassinada. Respirei, como se não houvesse dor meu coração congelou, direto, objetivo e sistemático. Fechei meus olhos na esperança daquilo ter sido um pesadelo, os abri automáticamente sabendo que era real. Respirei, de novo, controlando a vontade de gritar e segurando o choro que insistia em sair. Sabia que por mais que eu respirasse na tentativa de diminuir a dor aquilo nunca saíria de dentro de mim, estava encravado em meu peito assim como a faca que matou a minha tia. Dor sem igual. Tentei pensar no lado positivo, mas não havia nenhum, não há lado positivo na morte, e se há eu o desconheço. A vida é tão injusta, ela nos tira pessoas que amamos de uma hora para outra, ela nos faz chorar em datas onde se deveria comemorar. Sempre soube disso tudo, mas nunca havia perdido alguém que eu amo. Muitas pessoas entraram na minha vida, muitas delas já saíram, outras já nem lembro. Mas diferente de uma pessoa simples e comum sair da sua vida, é quando uma pessoa que você ama e que era importante, simplesmente desaparece pra sempre, pra nunca mais voltar. Saber que não poderá vê-la novamente, nem agora nem em outra vida, outro mundo. Nunca mais ver seu sorriso ou até mesmo suas lágrimas. Sorrir lembrando dos momentos com ela e ficar só na lembrança. Vê-la em fotos e saber que nunca mais poderá estar ao seu lado novamente. Porra! e pensar em quantas vezes já pedir pra morrer, pra sumir, desaparecer, enquanto existe por aí pessoas lutando por mais um minuto de vida, querendo a sobrevivência, que merda é essa que eu quis meu Deus? Desprezar a vida de maneira tão banal, esquecendo de quantas pessoas iriam sentir a dor que estou sentindo agora! Dor da perda, uma das piores dores existentes. Mas caralho! o que foi que o senhor fez, Deus? Porque teve que tirá-la de nós? Sinto um vazio por dentro, não consigo entender. Tenho medo de que passe dias, muitos dias, até que chegue o momento o qual não me lembrarei mas da voz dela, do sorriso, do toque! Tenho medo de esquece-lá, não quero nem espero isso! Hey Deus, não me tire mais ninguém que amo, por favor, você pode fazer isso? Eu sei que pode, lhe tenho fé. Quem me dera tirar-te daí tia, e poder te ter novamente. Quem me dera que o seu sorriso não pudesse se apagar (...) Como posso te esquecer, tia? Sua imagem estar no meu ser. O que posso fazer para não pensar em ti? Não desse jeito, não com essa dor! Saíba de onde estiver que lhe tenho amor, muito amor. Queria eu poder lhe enviar o que estou sentindo agora, tia, para que soubesse a falta que faz.

- Texto dedicado ao Leonardo Fonseca, que perdeu sua tia de uma forma tão brutal, tão triste.

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